quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Candiria - Beyond Reasonable Doubt


A banda Candiria é originária do Brooklin e em 1997 pariu o seu segundo disco intitulado Beyond Reasonable Doubt, pela Too Dawn Hype, que lançou boas bandas de hardcore na época.
Mas o Candiria não fica só no HC. Eles o usam como base e acrescentam elementos de rap, metal e até jazz. Chegam a fazer experimentalismos que deixa qualquer banda progressiva arrepiada. Como é no caso de "Lost in the forest" e a faixa "quase escondida" "Intrusive Statements" - ambas funcionariam bem em filmes de suspense.
Consultando a internet vi que eles lançaram mais quatro discos depois e parece que ainda estão na ativa, pois também possuem myspace.
Clique aqui e SUBVERTA-SE!
Veja um vídeo deles pra sentir um pouquinho...

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Entrevista com Chorão da Gangrena Gasosa




Abaixo a entrevista que fiz com o Ronaldo Chorão e saiu no Portal Rock Press, na época do lançamento do EP "6|6|6".

SANTO DE CASA FAZ MILAGRE SIM

Nos anos 90 o mundo estremeceu com o saravá metal criado pela Gangrena Gasosa. A banda plantava o terror por onde passava com seus shows onde promoviam despachos no palco e convocavam entidades de candomblé e umbanda em suas letras e em suas vestimentas.
Quase fizeram sucesso além do underground com o lançamento do disco Welcome to terreiro e com a antológica participação no programa do Jô Soares. Mas ficou por aí. A banda acabou e voltou algumas vezes, lançou o segundo disco Smell like a tenda spírita tocando um som mais rápido e agressivo, mas acabou novamente.
Quando tudo parecia morto e enterrado, voltam em 2007 com o terceiro disco (na verdade um EP) com o sugestivo título de 6|6|6 e tocando o foda-se, se preocupando apenas com o prazer de tocar.
Para quem achava que eles são uns roqueiros macumbeiros perdidos no mundo, o vocalista Chorão 3 mostra que também tem medo de macumba e respeita as opções religiosas, além de apresentar seu lado espiritual bem resolvido. Nada como a experiência e o papel de pai responsável não resolva.
O papo foi bastante longo, dividido em duas sessões onde Chorão 3 falou sobre a volta da banda, família, mercado musical, Deus, o lançamento do próximo disco na Europa e dos bonecos de ação da banda.
Para quem achava que o papo de “santo de casa também faz milagre” era só o nome de uma demo da Gangrena, vai encontrar mais sentido nessa frase depois de ler essa entrevista engraçada e ao mesmo tempo séria. Duvida?
por Márcio Sno

Chorão, da última vez que estive contigo, em 2005, você declarou que era irremediável a sua saída da Gangrena Gasosa, por conta de seus compromissos pessoais e hoje temos a volta da banda. O que foi decisivo para esse retorno?
Eu consegui ficar out da banda pra tocar minha vida particular, trabalho, casa, casamento... Acho que todo mundo da banda fez isso de uma forma ou de outra. A gente voltou fudido da tour pela Alemanha, criatividade em baixa, e de saco cheio um da cara do outro... Os ensaios eram impraticáveis, as idéias não se ligavam, as músicas não saíam... Aí rolou isso mesmo: churrasco, filme, telefonemas, tudo sem namoro, só amizade... Daí que eu também sou um carioca de merda, não gosto de futebol, não gosto de fórmula 1, não sei soltar pipa, não sei jogar bola de gude, não gosto de pagode nem de soltar balão. Um belo dia liguei pro Ângelo propondo finalizar umas músicas no computador, pra registrar as que ficaram inacabadas... E nasceu o EP 6|6|6.

E como foi daí até o show de volta? Aliás, onde e como foi?
O primeiro show foi em Barra Mansa, no SESC, produzido pelo Xan do Miami Brothers. Aliás, nosso primeiro show fora do Rio de Janeiro também foi o Xan que promoveu, num bar de travesti que ficava em Volta Redonda, isso em 1993 eu acho... Agora o Xan é casado com a Cris que é tão gente boa e hospitaleira quanto ele. Cara, tem lugares que você passa a gostar e ter como referência as pessoas bacanas que moram lá, e graças a Deus conheço muita gente legal nesse sentido: Adelvan em Aracajú, Tulio, Miguel (DFC), Phú (Makakongs) e Frango Kaos (Galinha Preta) em Brasília, Fábio Trummer (Eddie) em Recife. Em Barra Mansa e Volta Redonda não vou falar só do Xan e da Cris por que lá tem muita gente legal que recebe a gente, é mais fácil falar das bandas: Zé Oito (Léo Murunga), Iguanas (Zezé) e os miamis Pablo, Nego Cebola (Buiú) e Toxa, mas tem mais gente lá que cola com nóis, tem muita gente... O Pablo (DJ do Miami) foi quem intermediou os contatos com o estúdio que gravaremos o próximo CD. Ele também vai remixar as faixas de áudio que vão rolar de fundo pra HQs que o Léo Dias está fazendo e que vão entrar no CD.

Essa volta também garante o retorno da mascote Zé e do fanzine Amputação?
Não, o Amputação não volta mais não, acho muito mais divertido (e bem feito) o Inferno Pub do Miami Brothers. O Zé de repente volta ao vivo, no palco, eu de Omulu e o Ângelo de Zé. O Léo Dias vai fazer a máscara pra gente. Vai ficar foda, ele é muito bom com epóxi bizarro. Vocês não vão acreditar, mas o Léo é tão louco que topou fazer nossas action figures (bonecos tipo super herói em miniatura que vende em gibiterias, tá ligado?). É uma pena que produzir poucas unidades vai encarecer o projeto, vai ser coisa pra fã, mas eu quero ter todos! Já imaginou? E o Léo Dias [www.myspace.com/sicksore] é um cara muito talentoso, vai ficar que nem as paradas da McFarlane Toys, é muita onda, né não?

Quais são as principais diferenças de ter uma banda na adolescência e depois dos 30 anos, com filho, famílias, essas coisas?
Você não ter mais disposição pra dar murro em ponta de faca... Não ficar mais aturando certas babaquices de gente que pensa que está te fazendo um favor não te cobrando venda de ingressos pra tocar... Não sei se é assim em São Paulo ou em outros estados porque estou muito por fora da cena, mas no Rio de Janeiro tá assim hoje... Mas acho que deve ser aqui mesmo, por que o que eu vi na produção do ETHS (banda de new metal da França) feito pela Sob Controle (aí de São Paulo mesmo), fiquei impressionado com a puta estrutura que a banda teve no evento. Não só estrutura, mas acho que a palavra certa mesmo é suporte, logística, achei foda. Me dá motivação de voltar com a banda e batalhar para alcançar esse nível de estrutura num evento. Os caras da Sob Controle são foda mesmo, não sei se estou fazendo propaganda gratuita, só respondi no contexto da pergunta, mas pra mim, o efeito foi que nem pegar um iPhone pela primeira vez na mão: me impressionou. Principalmente num meio que todo mundo choooooooooooora pra caralho que tá ruim, tá ruim, tá ruim... Será que o público também não está cansado de sair de casa, pegar três ônibus pra ver 500 bandas sem previsão de horário pra começar o evento? Será que não estão de saco cheio de ver o nome de várias bandas no cartaz e ouvir o som igual ao do Atari Teenage Riot para todas as bandas saindo dos amps? Não sei, é uma pergunta...

Quando foi formado o Gangrena ninguém na banda tocava nada e hoje já conta com uma formação bacana (que tem até o Renzo do DFC), sem falar no monte de gente bacana que passou pela banda. Diante dessa referência, vocês poderiam imaginar que o som tosqueira de vocês da primeira demo iria ter esse formato de hoje?
Não, a gente não podia imaginar, mas a entrada do Vladimir na banda foi um divisor de águas pra essa mudança. Metaleiro do inferno, cabelão comprido e tudo... No primeiro ensaio foi logo tocando o riff de “Holly Wars” do Megadeth, imagina! Meu cabeção pirou! Eu falei assim: “caralho, a palhetada desse cara é uma grosseria! Agora vai ser metal mêismo, mêu!”

E esse “trabalho” de lançar 3 discos de 6 em 6 anos? Foi um pacto mesmo ou ironia do destino?
Ahahahahahaha, todo mundo sempre pergunta se a gente tem pacto com capira, mas isso não rola. Tem horas que eu até que penso: “antes tivesse...”

Mas então esse lance de 6 em 6 anos foi estratégia para promover o EP 6|6|6?
Com relação ao nome do EP, com certeza. Mas a data foi um dead end, um prazo pra gente botar o disco na rua. Trabalhar sem prazo é uma merda... Tira a meta e fica muito largado, faz quando pode, quando dá... Quando você estabelece uma meta, você põe o trabalho à prova, se é viável ou não é. Também você avalia o grau de interesse (até o meu próprio) de quem tá junto no projeto. Vai chegando a hora de lançar e os assuntos cabeludos vão voltando junto: grana, show, grana, divulgação, grana, ensaio, grana etc. Mas também acontecem verdadeiras “declarações de amor” pela banda. Eu e o Ângelo conversamos coisas e trocamos impressões que eram de chorar (literalmente). Acabei ouvindo também coisas do Vladimir e do Moreno que eu não esperava, que me (nos) surpreenderam muito, de saber o PESO que a banda tem na vida de cada um. Isso foi na época do EP, ainda não tinha o Renzo nem o Dread na banda. Quando vimos as músicas prontas, pensamos: “porra, se isso ficasse bem gravado ia dar um show do caralho...”

Vocês ao invés de cultuar demônios gringos, como Belzebu, Lúcifer ou mesmo Voldermort, preferem se apegar em entidades brasileiras. Os nossos santos de casa são mais poderosos que os importados?
Eles são mais nervosos, metem mais medo, eles estão aqui, né meu? Nas esquinas e encruzilhadas da(s) (nossas) vida (s). Se quiser ver Belzebú e Lúcifer que estão láááááááááááá na Noruega, ou Voldermort (esse é do Harry Potter, nem meu filho tem medo mais...) você compra um CD, aluga um filme, entra na internet, você tem essa opção... Agora com a macumba não, Tranca Rua e Exu Caveira, tá amarrado né, mano? Você pode trombar com um despacho em qualquer esquina. Cara, tem gente que se muda de casa por causa de tambor de terreiro de macumba. Falam que é por que o som incomoda, mas acho que é medo mesmo. Eu tinha uma bobeira quando era pequeno, que sempre achava que meu pirú ia cair se eu pisasse em despacho de macumba, ou que a minha perna ia secar. Porra, quando aquele livro do Bispo Macedo Guias Caboclos e Orixás, Deuses ou Demônios foi parar lá em casa, eu parei até de comer doce de São Cosme e São Damião com medo, por que o livro falava que esses doces são oferecidos ao diabo antes de dar pras crianças (isso é sério). A minha mãe compra doce pro meu filho em dia de Cosme e Damião, mas ela não deixa ele comer do saquinho de jeito nenhum. E eu respeito essa atitude dela, sei lá né meu, vai saber...


As letras demonstram bons conhecimentos de entidades de umbanda e candomblé. Foi feito algum tipo de pesquisa?

As letras são um crossover do dia-a-dia do brasileiro tosco com temática de macumba. Você não precisa estudar pra falar disso, basta viver no Rio de Janeiro e ter o dom de rir das desgraças. Hoje em dia, quem diria! Zé Pelintra é adesivo de carro!!! Tem o adesivo da frase clássica “amigo do Zé” e aquele outro com ele encostado no poste, e isso vende na banca de jornal. Um adesivo de recorte eletrônico em 4 cores, vende que nem água, por 2 cruzeiros o pequeno de uma cor só, e por 3,50 o grande colorido. A gente podia usar como merchandising da Gangrena na cara de pau! Até São Jorge é pop, tem uma porrada de gente com tatuagem de São Jorge matando o dragão, quem nunca viu isso? Tem adesivo pra carro também, que nem o Zé Pelintra. O nome do disco novo (Se deus é 10, satanáis é 666) vem de um adesivo dos crentes “Deus é dez”. Vamos fazer vários adesivos desses pra vender como merchandising da banda, uma versão defona dos adesivos crentes: “Tudo boto naquele que me fortalece”, “Foi Satanáis que me deu”, “Dirigido por mim, guiado por Lúcifer”, “Deus é 10, Satanáis é 666”, “Azazel Inside”, mas quero ver quem vai colar isso no carro.

Chorão, uma vez seu pai queimou uma pilha de cartas suas na “fogueira santa de Israel” e o seu nome na corrente de oração da Igreja Universal. Me fala, o que mudou na sua vida nesse período?
Fiquei careca, casei, engordei 20 quilos (minha mulher cozinha bem pra caralho) e estou mandando melhor no sexo apesar da minha pança extreme noise terror. E o meu pai saiu da Universal e foi pra Quadrangular (Igreja do Evangelho Quadrangular). Mas tem o seguinte, agora que sou pai, percebo que os pais erram querendo o melhor pros seus filhos, e com o meu não foi diferente.

Então, talvez seja o caso de você dar o seu testemunho... Ou seu testemunho você não dá?
Tipo o que Rodolfo dos Raimundos fez? Não, isso não... Não dou meu testemunho por que acho que ele não seria sincero... Acho que quando você descobre que as coisas não são só átomos (também não estou dizendo que são Jesus, nem Satã, nem Buda, nem Maomé, nem Alan Kardec, não é isso...) bate uma chapação, tipo um “PLÁ!!!” na sua mente, e tem pessoas que querem falar isso no microfone pra todo mundo ouvir. Acho que é uma mudança de conceito muito grande e as pessoas querem, sei lá, compartilhar isso, penso que seja isso... Mas eu não tenho essa piração, pra isso eu tenho a Gangrena, que eu posso subir no palco, grito pra caralho, mas as pessoas que estão ouvindo vão lá QUERENDO ouvir isso. Acho um saco essas pregações que os crentes querem te empurrar goela abaixo por que estão arrependidos de cheirar, de fumar maconha, de fazer macumba pra separar marido, pra aleijar os outros, de dar o cu, de ser piranha, de roubar... Acho isso caído... E vêm com essa postura de que estão te fazendo um puta favor de mostrar o caminho do céu e você, que é um ingrato, não quer escutar o que lês têm a dizer... Já vi testemunhos sinceros, já aceitei orações sinceras também, por que acho que boas intenções não têm religião. Dos meus avós, dos meus pais, dos fãs e amigos da banda, aceito de coração quem quiser desejar boas coisas pra mim. Não sou defão de mandar crente tomar no cu, essas paradas. Mas sei que tem muita picaretagem no meio também (minha vó falava que era “crente do cu quente”) e meto o pé quando vêm na minha direção pra entregar papelzinho e dizer que Jesus Cristo tem uma grande obra pra fazer na minha vida, mas falta eu comprar o material...

Quando lançaram o disco Welcome to terreiro, muita gente apostava de que a Gangrena ia “acontecer”. No entanto, o que ocorreu foi o primeiro sumiço da banda. O que aconteceu por não ter rolado o sucesso em tempos de Mamonas Assassinas e Raimundos?
O que aconteceu é que a gente não era o Raimundos nem o Mamonas Assassinas... Neste último caso, graças a Deus, né não? Aliás, graças a Deus nos dois casos, o Rodolfo virou crente... Eu sei que falando assim parece que eu acho que a Gangrena era “a pica que matou Cazuza”, mas não é isso. A Gangrena era underground mesmo. A gente mexe com macumba, a gente emporcalha de farofa todo lugar que a gente toca... Imagina se isso acontece no Gugu (eu ia adorar)! Velho, a gente é toscão à vera, não é firulinha não. Não dá pra Gangrena tocar no Criança Esperança nunca, eu ia querer mandar o Didi calar a boca por que acho ele sem graça pra caralho (aliás o Didi não morre nunca, né meu? Já tá aí um tempão... Podia ter morrido esse imbecil no lugar do Mussum ou do Zacarias que eram mais engraçados que ele). Como a Gangrena ia “acontecer” com uma letra tipo “Timbalada de caveira”? Será que a gente ia ser chamado no programa da Hebe (gracinha) ou da Ana Maria Braga? Eu ia querer roubar o Louro José e dar pra minha mãe botar na estante da sala. Mas o beijinho da Hebe Camargo eu dispenso... Acho que ia me sentir com se estivesse beijando o Imotep da Múmia... Apesar de que essa mulher é coroa mas ela tem umas coxonas grossas, né cara? Quem será o Escorpião Rei que sacode a Hebe Camargo?

Ah, bicho, mas se pegar as letras do Raimundos o que não falta é palavrão... Mas diante dessa declaração, então, não podemos esperar um lançamento de vocês nem num Pânico na TV?
Pode ser, no Pânico, pode ser sim. Também tem o Hermes e Renato, o [João] Gordo, tem espaço pra gente também. Falamos com o [jornalista] André Barcinsky e a gente vai no programa do Zé do Caixão em 2009. Já fomos no Gastão (Musikaos) e no Zeca Camargo quando era da TV Cultura. Mas o esquemão tipo Jô Soares de novo, Faustão, não sei não... Isso sim tem mais espaço pro Raimundos (que eu gosto), pra Pitty (que eu gosto), pros Detonautas (que eu gosto), pro NX Zero (que eu odeio), essas paradas são rock também mas são menos nervosas. E têm um formato que dá pra rolar bem em playback se for preciso. Já fizemos playback no Caderno Teen da TVE e odiei isso, é muito fake, é muito escroto... Não nego que a TV é uma puta divulgação pra banda, em qualquer canal, fazendo qualquer programa, mas no nosso caso, acaba sendo um tiro no pé. Por que os fãs da banda não curtem (playback), e quem não conhece não entende a proposta... Pra isso funcionar, tinha que rolar a gente tocando com a legenda das letras, que nem no clipe de “Eu não entendi Matrix” que rola no You Tube, assim vale a pena até fazer playback mesmo. Assim eu faria amarradão, por que faria toda diferença entre ser ridículo e pagar um puta lelê, e ter a oportunidade de mais gente conhecer nosso trabalho.

Já rolou algum processo por parte de espíritas, crentes ou mesmo pelo Lulu Santos?
Não, somos café pequeno pra eles (crentes e espíritas). O Lulu Santos gosta da gente, eu também acho muita coisa do Lulu Santos bem legal.

O Lulu curte a Gangrena mesmo depois da “homenagem” que fizeram pra ele no encarte do Smells like a tenda spírita?
O Lulu Santos é “diabo de mídia” e ele sabe disso. Como disse eu tenho vários discos do Lulu Santos, pediria autógrafo se o conhecesse pessoalmente (e se os CDs fossem originais), sem nóia...


Existe uma especulação de que o disco Roots do Sepultura foi inspirado em vocês. Definitivamente: isso é fato ou lenda?

Definitivamente o Roots é um crossover de Korn no som com Gangrena Gasosa no conceito. E no clip da música “Roots” é Gangrena Gasosa até o caroço. Mas também, todo mundo que fala de macumba no Brasil vai remeter a alguma lembrança da gente, não tem jeito. Mas nós não somos donos de toda macumba do mundo e, além disso, o Roots é um disco foda (não, não é o melhor deles, prefiro Chaos A.D. e o Beneath the remains). Ninguém tem a patente das boas idéias, e em contra partida, esse brá lá lá que rolou com o Sepultura nos ajudou na época, na tour da Alemanha a gente sempre era relacionado com o Sepultura e o Ratos de Porão, era a melhor referência que eles tinham pra situar o nosso som. No problem. O Sepultura é uma puta banda. Mas isso de fazer macumba não deu muito certo pra eles, por que a banda perdeu muito espaço depois disso e o Max virou mendigo... Meu Deus, que cabelo é aquele, né velho? Tem uma foto dele na Rolling Stone (revista) que ele tá sem um dente... Cruz credo... Que onda errada... Ele acha que isso é bonito? Já pensou como ele vai falar pro Zyon escovar os dentes se ele não dá exemplo pro garoto?

E você, na Gangrena, depois que teve filho passou a rever algumas posturas suas para não dar esse anti-exemplo igual ao do Max?
Claro que sim, eu não fico dando mole não, por que sei que sou referência e não vou colaborar ensinando mais merda do que as que ele já vai encontrar fora da escola e de casa. Meu filho não tem nem 12 anos, eu não fico mostrando Playboy pra ele por que ele é homem. A Playboy vai servir pra que? Pra ele sentir tesão? Ele não faz sexo com essa idade, pra que vou incentivar isso? Pra dizer pros amigos e vizinhos que ele não é viado? Acho isso babaquice... Você tira por uns pequenos lances que você observa (pra ser pai TEM QUE OBSERVAR SEMPRE), meu filho já veio me pedir cerveja em churrasco, tipo pra mostrar pros outros moleques que já era adulto que nem o pai. Não dei uma bifa nele mas dei um sabãozinho de leve no canto e ele bebeu foi Coca-Cola mesmo. Eu hein mano, não fode! Sinceramente quando eu vejo essa molecada fumando maconha e bebendo até cair na sarjeta, sei lá... Me dá muito medo. Hoje em dia vejo filmes como Alpha Dog, Kids, Requiem for a dream, Trainspotting, e isso agora é filme de terror pra mim. Fico na merda vários dias dormindo mal, cheio de paranóias... É foda... Além disso, tem as outras coisas que ele (meu filho) vai ter contato dentro de casa mesmo, pela internet (não me iludo quanto a isso, ele sempre vai dar um jeito, como eu dei o meu jeito quando tinha a idade dele...). Tem muita putaria e maluquices rolando na internet... Não dou lição de moral pra ninguém, por que sei que ninguém quer ouvir lição de moral do Chorão 3 que agora só por que é pai de família virou moralista. Mas, respondendo a sua pergunta, ser pai mudou isso na “minha” cabeça e esses são meus medos hoje em dia, quem não entende vá ser pai e veja qual é a bronca... Isso vai passar quando meu filho tiver 20 anos, mas quando ele tiver 30 vou ser avô, e aí, vai começar tudo de novo...

Da música “Protesto Concreto” eu conheço três versões. Para o próximo CD pode rolar mais uma releitura?
Deus me livre! Não! Definitivamente não!!!

Mas por quê?
Já que você perguntou, vamos lá... Por que essa música é justamente esse aspecto babaca da Gangrena que eu detesto... O da música que vai conquistar o público do Planet Hemp, do Rappa, do Chico Science e do Mundo Livre S/A, da música que vai tocar no rádio e fazer a banda ficar famosa... Essa música tem esse estigma escroto e foi com muito prazer que nos livramos dela. Quem quiser gostar da banda que ouça “Timbalada de Caveira”, pra mim essa é a melhor letra da Gangrena até hoje.

Tem alguma música da Gangrena que você se recusa a cantar? Por quê?
Não, me recusar a tocar não, todas são músicas da banda, mas tem umas que acho chatiiiiinhas pra cacete, tipo “Pomba Gyra” e “Pegue o santo or die!” Têm outras também, mas o fato é que curto as músicas mais porradas e com mais percussão.

Em 2001 vocês se aventuraram na Alemanha e Áustria, fazendo alguns shows. Como foi essa experiência e como eles receberam a proposta da Gangrena? Ou não entenderam nada e tudo bem?
Eu gosto de contar uma passagem em particular que me deu muito orgulho dessa tour. Um dia fomos tocar num squat de três andares e lá em cima tinha um punk dormindo que acordou com o som e desceu pra ver a gente. Ele disse pro dono do bar o seguinte sobre nosso show: “eles são tão agressivos quanto o Slayer, tão pesados quanto o Venom e tão loucos quanto o Prodigy”. Pra mim que sou a minha pessoa pessoalmente isso valeu qualquer custo que tive pra viajar naquela tour. Considerando que o cara não falava português e não entendia nada das nossas letras, tenho muito orgulho de ser da Gangrena Gasosa por isso. Se eu não fosse da Gangrena, seria fã pra caralho da banda.

Há uma possibilidade de vocês voltarem a tocar na Europa no ano que vem. Como vai ser dessa vez?
Vamos novamente em 2009. Desta vez vamos lançar o disco lá fora primeiro em vinil e vamos na seqüência divulgar o CD novo que sai no Brasil em março.

Algum motivo em especial para lançar no formato de vinil? Haverá uma tiragenzinha pros saudosistas desse formato no Brasil?
É incrível, mas na Alemanha as pessoas preferem vinil mesmo. Só compram o CD se não tiver o vinil pra vender. Se sair lá, teremos direito a uma porcentagem, normal. Vamos acabar guardando um cada um de souvenir e o resto a gente vai dar pros amigos que merecem e que gostam de vinil. Pra mim mesmo passa batido.

O EP 6|6|6 foi lançado pela internet e vocês estão preparando o lançamento do disco Se deus é 10, satanáis é 666. Esse será em formato de CD ou vão manter pela internet?
O CD sairá pela Freemind Media com 10 músicas e material multimídia. Quem comprar o CD pode escolher entre as três versões que serão lançadas: a primeira versão que sai pela Freemind vai ter os vídeos do You Tube, todas as letras, fotos da banda, a página do Myspace Offline, e uma HQ feita pelo Léo Dias. Queremos repetir o que fizemos nos encartes do Welcome to terreiro e do Smells like a tenda spírita, só que com recursos animados pra rodar no PC.
A segunda versão do CD vai ser uma parceria muito forte que fechamos com o Orkut e o Google, um CD customizado, tipo o que a Fiat fez quando lançou a Uno Mille On Line: quem comprar poderá escolher a discografia da sua banda favorita na comunidade [http://www.orkut.com.br/community.aspx?cmm=28035542] (Metallica, Korn, Linkin Park...) e a arte da capa no Google Imagens [http://images.google.com.br], daí montaremos um CD com as músicas da Gangrena lá no final tipo bônus track.
A terceira versão é um projeto de responsabilidade social. Nos reunimos com várias ONGs de preservação ambiental que receberão quase 1% da renda que obtivermos com este CD: gravaremos o CD em mídia RW. Aí quem não gostar (tipo o Rafael Ramos) não precisa jogar fora e poluir ainda mais o planeta, basta regravar e pronto. Essa versão não vai ter capa (preserva as árvores pois não vai gastar papel) e nem estojo de acrílico (que não é biodegradável e polui o mundo pra caralho), será 100% reciclável.
E digo mais, acho que todas as bandas deveriam agir dessa forma. Devemos tentar influenciar positivamente essa galera nova que está começando a curtir som pesado agora e só pensa em ficar fumando maconha e botar piercing na língua e nos bicos do peito. Devemos fazer a nossa parte para vivermos em um mundo melhor, cheio de baleias, golfinhos e pandas, e mais uma porrada de outros bichos não servem pra comer e nem fazem porra nenhuma, ao contrário dos cavalos que carregam nossas coisas pesadas e os cachorros que mordem pessoas que não prestam quando entram na casa da gente sem serem convidados.

Vocês acham que se as pessoas tivessem uma postura como na música “Minha sinceridade é humanitária” o mundo estaria livre da poluição sonora? A propósito, acha que Rafael Ramos (produtor do selo Deck Discs) representa um mal para a humanidade?
O que me chateia no Rafael é que ele sempre chora que tá sem grana pra lançar a Gangrena... Mas acho que na verdade ele não lança mesmo por que não gosta das músicas novas, e isso é um direito dele... Mas eu estava tão confiante que o EP ia vingar pra gente lançar o CD novo pela Deck que botei o nome dele na música. Acho que ia ser legal falar o que falamos na letra de “Minha sinceridade é humanitária” dentro do CD, e na contra capa ter o nome dele: “produzido por Rafael Ramos”, essa era a idéia... Mas acabamos arrumando um problema por que ele disse que o EP é uma merda e agora o nome dele tá na música, se tirarmos vai parecer que a gente arregou, ainda não decidimos o que fazer sobre isso... Porque agora virou uma propaganda gratuita do Rafael Ramos e não ganhamos nada com isso...

Houve uma época, nos anos 90, em que as bandas underground conseguiam alguma coisa se passassem pelas mãos do Carlos Eduardo Miranda e sua Banguela Records. Você acha que hoje em dia isso se repete, mas com o Rafael e a Deck?
Qual é o parâmetro? O Mukeka di Rato? Acho que sim então... Tem o Ratos de Porão também, mas o Ratos já tinha nome antes do Rafael, então acho que não é o caso... E tem a Pitty também... peraí cara, isso ta parecendo conversa de maluco, deixa eu ir no site da Deck pra te responder essa pergunta direito, peraí um instante...Não cara, pelo que vi no site não. Fora o Matanza que é muito foda mesmo, e que pra mim é o melhor artista no cast da Deck (em CD e ao vivo), acho que o lance do Rafael com o underground foi até ele sair da Tamborete que ficou com o [Leonardo] Panço e pronto. A Tamborete botou grana no Poindexter, no Sex Noise, quem mais?... Teve o Jason, mas o Jason não conta, por que era a banda do Panço e do Rafael mesmo, normal... Mas, bem lembrado, vamos tomar o Jason como exemplo, aquele primeiro disco é foda, eles tocaram pra caralho no Nordeste, mas acho que a Tamborete não ia dar o retorno pro Rafael que nem a Pitty e o Ultraje a Rigor dariam. Porra mano, fala sério, o Gustavo Lins é da Deck, o grupo Revelação também é da Deck, fala aí, ele tá duro? Não tá mesmo! O cara seguiu um negócio que é dele e da família dele, eu não culpo o Rafael por ter achado o nosso EP uma merda (ele mesmo me falou isso), é um direito dele, mas é fato que se a gente mete uma bronca de gravar num estúdio foda, com uma produça de primeira, fazer um disco bem gravado, bem masterizado, velho, a gente briga de igual pra igual com qualquer banda que tocar com a gente, e falo isso sem arrogância nenhuma, mas também sem falsa modéstia. É o que eu penso mesmo. Quem já viu o Renzo tocando bateria no DFC sabe o que eu estou falando, o Renzo é foda, eu nunca disse isso pra ele mas fiquei sem acreditar quando ele aceitou tocar na Gangrena, porra, sempre fui fã dele e do Boka (RDP). O Vladimir quando bota aquela desgraça daquela guitarra pra roncar é um inferno. Tem todo mundo cara, percussão, baixo, nossa voz, eu acho, é um troca-troca maneiro eu e o Ângelo gritando em português, hardcore em português é tosco pra caralho! Mas o conceito musical da Gangrena é complexo por que se tem um estúdio que grave bem metal, não tira um som bom de percussão. Se a gente gravar com produção de pagode a gravação da guitarra sai um lixo (a prova disso é o Welcome to terreiro), então fica difícil... Acho que a Gangrena é uma banda que só funciona na teoria. Ninguém tem cu pra meter a mão na idéia (no conceito da idéia quero dizer) até o troço ficar bom. No Brasil um cara que era um puta talento e infelizmente morreu era o Tom Capone. Mas isso é (era) um sonho meu: gravar com o Tom Capone seria foda. Sairia um puta disco! Também acredito que o Miranda se botasse a mão pra valer que nem rolou com os Raimundos daria em boa coisa (quero dizer um disco bem gravado, pra disputar cabeção aí com banda gringa e o caralho), veja o que ele fez no primeiro disco do Catapulta... Mas... “se” é uma palavra muito pequena que faz uma diferença GRANDONA na vida da gente. O fato é que você pega um evento, por exemplo como quando a gente tocou com o ETHS, passamos o som, magrinho... O ETHS sobe no palco com um puta equipamento, roadie pra caralho, uma bateria zerada, o cara conta 1,2,3,4... BRAMMMMMMM!!! Tá ligado? Já manda um MI bordão na guitarra que parece um VRÚ (se existisse essa nota musical), som limpinho, tudo alto pra caralho... Como vamos disputar público assim? Mas, isso é problema nosso, o público não quer saber. Principalmente o público novo, quem ainda não (nos) conhece. Quem gosta da Gangrena é tão sonhador quanto a gente, e vive, como nós, esperando um evento que a gente vai pisar no palco de igual pra igual, amplis foda, equipamento bom, um técnico que mexa na mesa com tesão de fazer direito o nosso som, e não essa merda de ficar “vai mano, rapidinho, rapidinho, que a banda principal tem horário pra subir no palco”, velho, eu gostaria de não passar por isso nunca mais mesmo...

Com essas mensagens que abordam em suas letras, como vocês lidam com os seus lados espirituais? Vocês também pedem licença quando cruzam por um despacho?
Eu tenho medo de praga de madrinha, de olho grande, de inveja, de mal olhado, de espírito obsessor, tenho medo de poltergeist até hoje (foram eles mamãe...), tenho medo de macumba, tenho medo de ver O Grito e O Chamado sozinho, tenho medo até do Gasparzinho querendo ser meu amigo... Tenho medo de tudo que eu não posso agredir e nem meter a porrada. Acho que cada um da banda tem sua maneira de se benzer dessas zicas que a Gangrena mexe. Mas não peço licença pra passar no despacho não, eu passo pelo outro lado da rua...

Quem ouve o som de vocês devem achar que vocês se vestem de demônio e moram em cemitério e tomam água de vala. É isso mesmo? Quem são vocês afinal?
Eu não bebo água de vala não, mas não sei se alguém da banda bebe... Veja um caso verídico que aconteceu com a gente. A Lana Romero (nossa manager) fez contato recentemente com a produção de um evento que vai rolar em cabo frio (o festival se chama Rock Humanitário). Daí o cara que organiza o evento falou assim pra ela: “eles mexem com coisas muito sérias e não quero nada negativo no meu evento...” E adivinha quem vai tocar no evento... Quem? Quem? Quem? O Krisiun!!! É mole? Tu tem troço mais defão que o Krisiun? É fácil não ter medo de Satan, Beelzebuth, Astarot, Demon que são diabos gringos... Mas ninguém quer mexer com Exu, Tranca Rua, Pomba Gira e Zé Pilintra.

Então aí está provada a sua teoria as entidades daqui são mais poderosas?
Eu não sei medir isso... Até seria engraçado fazer um jogo de Playstation onde as entidades saíssem na porrada pra ver quem é o diabo mais foda do mundo, já pensou? Mas não é isso cara, se você fizer um despacho de macumba na porta do Glen Benton ou do Tom Araya eles vão falar “shit!” e mandar alguém varrer... Macumba não pega em alemão nem em japonês... Mas aqui no Brasil malandro, já pensou em botar um pôster meu com filá de Omulú na parede do quarto? Ou uma foto do Ângelo vestido de Zé Pelintra na camisa? Não róla... A sua vó nem sua mãe iam deixar. Nego tem medo de macumba, e tem medo à vera! Neguinho se borra mesmo. Gótico que anda de preto em cemitério, metaleiro defão, nego dá conselho: “larga disso meu filho, fica direitinho”, mas ninguém vê um adolescente entrar no mundo da macumba achando que isso é uma fase que vai passar quando crescer. Macumba é coisa mais séria, e ninguém gosta de mexer com essas coisas mesmo não.

Qual o problema que encontraram em Matrix que até fizeram uma música?
Não tem nenhum problema com Matrix. Amo esse filme. Vi cinco vezes só no cinema (ninguém acredita), mas as continuações me decepcionaram bastante... O primeiro era um filme mais mental, mais louco nos conceitos, depois virou filme de karatê (Reload) e cópia de Robotech Defender e Transformers (Revolutions), sei lá... Até o Reload eu ainda curti por que tem aquela conversa do Neo com o programador no final, naquele quarto cheio de televisões... Aquelas cenas da Trinity caindo do prédio e trocando prego com o agente, e tem a cena dos caminhões batendo que também achei foda! Só não foi melhor por que a gostosa que é a mina do francês pediu pra beijar o Neo em vez de beijar a Trinity na boca, só faltou isso pra eu dar nota 9 pro filme (10 só o primeiro). Já o terceiro filme (Revolutions)... Esse não deu mesmo pra engolir... Só vi o Torrent que baixei em AVI, não tenho o DVD original da trilogia... Mas o lance da letra é outro: quando eu ainda alugava DVDs pra trocar as cópias por duas mídias virgens, tinha um segurança no meu trabalho que encomendou os três Matrixes pra mim. Quando ele viu os filmes, ele ficou louco e falou tudo que escrevi nessa letra. Ele me devolveu os filmes, tu acredita? Eu só ajeitei a métrica e as rimas no final de cada frase das estrofes. Foi a mesma coisa que fiz na letra de “Headbanger Voice”. De certa forma, essas letras não são minhas, eu só musiquei as opiniões de outras pessoas.

Agora cada integrante tem o nome de uma entidade. Como rolou a escolha para cada um e quando é que vai ter uma Maria Padilha na parada?
A Pomba Gira Maria Padilha vai ser o Dread, nosso percussionista. As entidades cada um escolheu a sua de acordo com o gosto pessoal.

Tá, mas pelo que eu sei, Pomba Gira baixa somente em mulheres ou em homens afeminados... É esse motivo que levou o Dread a escolher a Maria Padilha?
Conheci o Dread há pouco tempo, mas não tinha pensado nisso... Estranho isso né, meu? Vou perguntar isso pra ele...


Chorão, em outras entrevistas você fala de possíveis relações mais profundas com rapazes do rock como Phú (DFC) e Adelvan (Programa de Rock de Aracaju), por exemplo, como você explica a música “Emboloiada”?

Não, sai fora, brincar disso com o Phú é furada! O Phú come travesti mesmo! E isso sairia do campo da aventura para o campo do amor, e eu não quero casar com o Phú nunca... O único amigo que comeria por amor seria o Adelvan de Aracaju, faço qualquer coisa por aquele nariz! Largo até minha mulher pra casar com o Adelvan se ele me quiser.

Em Barra Mansa/RJ tem a banda Miami Brothers que bebe da água da Gangrena e faz um som que coloca Edir Macedo no alvo. O que vocês acham dessa disseminação? Há outras bandas que seguem o estilo de vocês?
Rapaz, eu acho que o Miami Brothers [www.myspace.com/miamibrothers] tem as letras mais toscas do mundo. A “Dança do crucificado” e a “Melô dos três pregos” tem os refrões mais defonildos que eu já vi. Aquele zine que o Xan faz (Inferno Pub) é muito foda! E eles têm umas sacadas ótimas também: “Templo é dinheiro”, “Umbanda larga” e “Paga que eu te escuto”. Acho muito bom mesmo. As outras bandas como disse na pergunta lá em cima, não têm como fazer um trabalho falando de macumba que não lembre a Gangrena... Tem tipo o Ocultan, mas o som é muito diferente do nosso, e a temática parece mais séria. O importante é que o pau ronca! E isso é muito legal, tem uma música deles que eu ouvi, como chama... Peraí, deixa eu ver aqui no HD que eu tenho isso gravado, peraí... Ah, sim, Poderoso Exu Sete Crâ-ni-ôssssss... Defão mesmo! Também vi no Myspace uma banda de death chamada “Gangrena Febrosa” que tem um logotipo parecido com o nosso, se não acredita, vai lá ver: [www.myspace.com/gangrenafebrosa] essa banda tem temática de splatter (doenças e desgraças afins). Fora isso, meu sonho é ver uma banda tocando um cover da Gangrena. Acho que eu ia me sentir “a pica que matou Cazuza” se uma banda tocasse um cover da Gangrena! Coisa de artista, maior bronca de famoso, né não? Eu teria coragem até de juntar dinheiro e bancar um tributo pra Gangrena Gasosa (tipo o Phú fez com a coletânea Traído [tributo ao Ratos de Porão, no qual a Gangrena participou com a versão de “Beber até morrer” e “Vida ruim”, transformado em “Benzer até morrer/Kurimba Ruim”]), só pra ouvir esse CD e ficar me masturbando...

Notei em diversos momentos nessa entrevista que você cita Deus. Quem é Deus para você?
Deus pra mim, atualmente, é um crossover de Stephen Hawkings [doutor em Cosmologia] com todas as tradições místicas e ciências ainda não desenvolvidas e estudadas da face da terra. Um conceito tipo o do [físico] Amit Goswami. Eu ainda estou sob efeito do filme Quem Somos Nós? e essa pergunta é complexa demais, por que eu mesmo já me fiz essa pergunta e juro por Deus que não sei a resposta... Acho que Deus é um conceito muito pessoal, e eu ainda estou correndo atrás dessa compreensão. Saí do materialismo mental que venho pregando (vociferando) grosseiramente (sem conhecimento de causa, quero dizer) desde a minha adolehttp://www.blogger.com/img/blank.gifscência, e estou muito deslumbrado demais com os novos conceitos com os quais tenho tido contato. O bom desse momento que estou vivendo é que (ainda) não fiquei chato o bastante pra ficar pregando meu ponto de vista pra ninguém. E espero permanecer assim por muito tempo, acreditando em Deus, mesmo que eu não saiba explicar pra ninguém quem ou o quê Ele é.

O que podemos esperar da Gangrena nessa nova fase?
Sinceramente, eu também gostaria de saber responder a essa pergunta. Eu me faço essa mesma pergunta todo santo dia...

http://www.myspace.com/gangrenagasosa

domingo, 26 de outubro de 2008

FANZINES DE PAPEL


Em 2005 eu já não pensava mais em fanzines. A única coisa que havia ficado era os amigos conquistei na paradoxal década de 1990.
Estava eu com minha esposa e filho em casa quando o Xan me convidou para dar uma oficina de zines em sua cidade, Barra Mansa, RJ.
Resolvi então fazer uma espécie de cartilha que contextualizasse os fanzines, que contasse um pouco de sua história e oferesse dicas para quem quer produzir um zine.
Gostei tanto do resultado que resolvi, em 2007, lançar uma segunda edição revista e ampliada.
Tudo feito no velho estilo dos fanzines (recorta e cola) e distribuído em formato impresso.
Esse material se tornou um documento de referência para universários que pesquisam a respeito, além de se tornar um item de colecionador para os amantes de fanzines impressos.
Como não tenho muito tempo para tirar cópias, ir ao correio (aquelas coisas, sabe?) e tinha muita gente me pedido, resolvi postar aqui em formato PDF esse material.
Fiquem à vontade para distribuir e divulgar. Se forem usam para alguma coisa, não se esqueça de avisar!
Clique aqui e baixe o Fanzines de Papel na íntegra!
Saravá Diego por escanear tudo isso, mesmo sem saber do que se trata!

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Dia da Contra-cultura!

Caros!
Fui convidado a fazer parte da mesa que vai falar sobre zines...
Quem estiver de bobeira, apareça por lá!
Não, não sei como chegar lá. Vou descobrir no dia.
Divulgue!
www.anarcopunk.org

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Entrevista com Confronto para Portal Rock Press


Mais uma entrevista no ar! Dessa vez com a banda carioca Confronto que tá causando horrores no mundo todo com seu hardcore!
Essa eu fiz junto com Leonardo Panço.
Clique aqui e leia a entrevista na íntegra!