segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Harry Potter e a Ordem da Fênix


“Digam o que quiserem, estou pouco me fodendo”.
Essa primeira frase de uma música dOs Cabeloduro sempre me vem à cabeça quando percebo que gosto de algo que está fora dos padrões ou (no caso) da minha idade.
Sim, gosto de Harry Potter. Fui ignorante a respeito até ter que acompanhar meu filho e sobrinhas para assistir à estréia de Harry Potter e a Ordem da Fênix no cinema ano passado. Na ocasião minha sobrinha fez um intensivão para mim e à Joelma na fila de espera, nos explicando dados fundamentais como o significado da palavra “trouxa” para os bruxos.
Minha impressão foi boa e resolvi dar uma chance aos escritos de J. K. Rowling. Imediatamente fui fisgado pela ótima escrita, caracterização dos personagens e, principalmente, a fértil imaginação da escritora.
De uma só vez matei, na lata, os quatro primeiros livros (A pedra filosofal, A câmara secreta, O prisioneiro de Azkaban e O cálice de fogo), num recorde pessoal nunca dantes alcançado. Então, caiu na minha mão o livro mais grosso (702 páginas) e o melhor da série: A ordem da Fênix.
Não preciso chover no molhado para dizer que o livro é melhor que o filme. Mas preciso falar: o livro é infinitamente melhor que o filme! Quem se baseia nos filmes para conhecer Harry Potter não está com nada.
Nesse episódio, Rowling mostra um Harry mais “humanizado” que, ao mesmo tempo em que lida com toda rotina fantástica da magia, sofre com os vários conflitos da adolescência: como lidar com o ciúmes, a inveja, o primeiro amor, a dúvida da aceitação, a constante engolição de sapos, a rebeldia por não entender os adultos e, por fim, a vontade de mudar mundo. E é por aí que a história é norteada.
O Ministério da Magia toma o poder de Hogwarts (a escola onde Potter estuda), gerando um clima ditatorial que faz lembrar muito a época em que o Brasil passou por regime militar, principalmente pela figura da professora Umbridge, a alta inquisitora que acaba tomando a diretoria da escola, até então ocupada por Dumbledore (o grande bruxo do bem). Com esse poder, começa a deturpar a verdade de todos, ensinando só o que é de interesse do Ministério, dando a imagem de que “está tudo bem”, mesmo com a volta de Voldermort (o bruxo mais terrível).
Harry e seus amigos Hermione e Roni (o personagem mais fantástico da trama) começam a se incomodar com todo esse clima e passam a se mobilizar, criando um grupo de jovens subversivos (AR – Armada de Dumbledore) que começa a estudar por conta própria a disciplina de Defesa Contra as Artes das Trevas, mesmo com a constante perseguição da inquisitora.
O curioso é que na história aparece um jornal marginal que denuncia as mentiras do Ministério, que a tradutora Lia Wyler deu o sugestivo nome de Pasquim, nome igual ao tablóide que teve papel idêntico em épocas de chumbo grosso no Brasil. Mais curioso ainda é que a personagem Luna Lovegood se diz filha do editor do jornal. Agora fica a pergunta: quem seria o pai: Ziraldo ou Millôr?
O livro mantém o alto nível do começo ao fim (ao contrário dos anteriores que têm vários momentos de embromação), com diversas situações capazes de deixar o leitor angustiado, revoltado e doido para que a inquisitora, Draco Malfoy e sua turma morram com requintes de crueldade.
De todos os livros, até então, esse é o primeiro que não tem um final exatamente feliz, pois Harry Potter ainda luta contra as desconfianças e está muito puto por ser quem é.
Talvez seja por isso que estou empolgado para começar a ler a qualquer momento os dois derradeiros livros da série.
Sem medo de ser zoados pelos meus amigos adultos.

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