sexta-feira, 22 de agosto de 2008

FASHION GURU – LITTLE INSANITY


Às vezes quando a gente ganha algum presente, guardamos por um tempo e com o passar dos anos passamos adiante por, de repente, não se identificar mais com aquilo.
Lá por 1995, mais ou menos, ganhei do meu amigo/irmão Marlos o disco Litlle Insanity de uma banda gaúcha, até então desconhecida pra mim, chamada Fashion Guru. Segundo ele, “quando ouviu, achou minha cara”. Nossa, como eu tenho medo quando alguém fala isso! Pois a coisa pode ser horrível ou não ter nada a ver comigo...
Mas dessa vez, ele acertou. E eu não passei adiante o presente e nem deixei de me identificar.
Ouço esse disco com a mesma intensidade de quando conheci a banda. E olha que ela nem existe mais e nem sei se há a possibilidade de eles voltarem.
O Fashion Guru é de Porto Alegre e lançou esse único disco pelo selo da própria banda, com o nome improvisado de Nothing To Do Records (o nome de uma das músicas). Apesar de a capa sugerir uma banda de death metal, eles fazem um som que mistura um pouco de Nirvana, rock inglês, com umas baladinhas e uns sons mais agitados e felizes, com muita energia. E tudo isso feito há mais de anos! Porra, bicho, é uma delícia o som dos caras...
Poucas pessoas conhecem o trabalho dessa banda, o que é uma pena, pois eles mereciam sim um lugar ao sol!
Quando pedi a autorização ao vocalista Júlio para disponibilizar o disco aqui, ele me disse a frase: “A humanidade precisa ouvir Fashion Guru!”. Faça as palavras dele as minhas. Mesmo que seja um tanto tarde.
Formação da época da gravação desse disco
Julio El Niño – vocal, guitarra e teclados
Flagg the Crow – baixo
Natho Dias – bateria

Músicas
01 – Nothing to do
02 – Little Insanity
03 – Shy
04 – I had a pretty son
05 – That’s sad, that’s cool
06 – The music that you hate
07 – Avenue
08 – Baby come back
09 – Soul
10 – Romantic boy
11 – It’s getting better to surf
12 – Like a pain in my heart

SUBVERTA-SE!

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Pra Colorir – Ricardo Cury


Um dia, numa rua da cidade
Eu vi um velhinho sentado na calçada
Com uma cuia de esmola e uma viola na mão
O povo parou pra ouvir, ele agradeceu as moedas
E cantou essa música, que contava uma história
Que era mais ou menos assim:

“Eu há dez mil anos atrás” – Raul Seixas e Paulo Coelho

Da outra vez que li as aventuras de um músico underground pelo mundo afora, foi pelo livro de Leonardo Panço com o seu Jason 2001. E foi exatamente esse mesmo Panço que me falou noutro dia por MSN que estava lembro o livro do Cury, de quem até então eu ignorava a existência.
A princípio me interessei por ser um lançamento independente e depois por conter histórias do mundo do rock produzido por alguém que vive o rock. Também as ilustrações disponibilizadas no blog do Cury (de onde originou a idéia do livro), que achei bem bacana, lembrando muito a minha São Paulo. E assim arrisquei meus tantos reais nesse investimento.
E ele veio numa hora meio ruim que eu estava envolvidaço no Harry Potter e a Ordem da Fênix que estava muito bom. Alertei o Cury que eu ia só poder ler depois de acabar com o menino bruxo. Porém, resolvi ler o prólogo. Percebi que ia sofrer por esperar a vez do Pra Colorir.
Como o livro é formado por crônicas, passei a ler cada dia uma antes de dormir e que o tornou oficialmente meu primeiro livro de cabeceira. Assim que terminei o Potter, investi todo o tempo que gasto no ônibus, metrô e trem para os momentos íntimos junto com as histórias do autor baiano.
Cury apresenta nesse livro alguns casos engraçados, curiosos que aconteceram em sua vida sempre rodeada de fatos inusitados, sutilezas oferecidas pela vida e, principalmente de muita música. Dá impressão que a vida do cara tem trilha sonora pra tudo: desde os sons mais improváveis aos até mais sofisticados. Dando aquele gostinho de “a vida como ela é”, pois sempre o leitor pode se identificar com situações normais até certo ponto, como esquecer que pegou o carro da esposa e, ao sair da padaria, achar que foi roubado (pois pensou que estava com o próprio carro), ou mesmo nas estratégias utilizadas pela turma do fundão para se dar bem nas provas...
Acho que aí foi que mais me identifiquei com ele: pra tudo tem uma música, uma frase de uma canção, sempre explica ou norteia tudo. Para ajudar a identificação das músicas, Cury teve o luxo de pesquisar o nome de cada uma, seu autor, intérprete, disco e ano de lançamento. Só faltou citar qual era a faixa.
Para quem trabalha com música, a saga do autor em divulgar suas bandas pelo Brasil pode ser uma boa dica para quem está correndo atrás de divulgação, as situações curiosas como a frieza com a qual os porteiros de redações de jornais e de gravadoras o receberam em São Paulo, a sorte de tocar com Sidney Magal, Armandinho (o do trio elétrico), os encontros com Caetano Veloso, Chico Buarque, mostram os vários sentimentos de realizações que uma pessoa apaixonada pela música pode ter.
Em vários momentos me peguei torcendo para que ele se desse bem em situações, como quando tentou combater um incêndio, ou mesmo na sua luta para conseguir um local ao sol no mundo fonográfico. Até cheguei a torcer para que o Brasil ganhasse a Copa do Mundo para ver como seria isso para um brasileiro em solo argentino.
O que achei bastante bacana foi a forma que o livro foi montado: as ilustrações de Ricard Sans dão um aspecto de long play, enquanto os capítulos tem cara de faixas, com direito à algumas páginas em branco que escondem uma faixa-escondida no final do livro. Coisas de quem vive a música todos os dias.
Talvez qualquer um poderia ter escrito um livro com os mesmos objetivos de Cury, mas poucos passaram por situações como as dele e raros os que escrevem de forma tão leve e solta que não dá vontade de parar de ler mais.
A sorte que ele ainda continua escrevendo em seu blog, as faixas-bônus que (espero) demorarão muito para chegar ao stop.
Coisas pra quem tem colhão.

Nokia XpressMusic

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Sapecado


Não consigo explicar como o simples e o belo me comovem. A princípio me arrepia, emociona. Depois de deixa feliz. E quando os dois estão juntos, aí a sensação é inexplicável.
Conheci o trabalho da BANDAmirim no programa Sr. Brasil do Rolando Boldrin, que assisto toda semana, sem falta. Sempre mantenho um bloco de anotações por perto para marcar o nome dos artistas que me interessam para ir pesquisar depois.
Descobri que eles estavam em cartaz com o espetáculo Sapecado no SESC Paulista. Fui lá no sábado seguinte e os ingressos estavam esgotados. Comprei pra semana seguinte e quase não consegui ver, depois de 345 baldeações de trens e metrôs, além de correr feito desesperado pela Avenida Paulista, fui (junto Joelma, Calvin e afilhadas) o último a entrar no local.
A história se passa numa cidadezinha do sertão, onde mora a Dona Assunta (Cláudia Missura), que conduz todo o espetáculo. Ela, sempre acompanhada pelo seu cachorro Rex (Edu Mantovani), junto com o carteiro Adauto (Rubi), partem para uma viagem a pé rumo a um casamento que vai acontecer na vila de Sapecado.
Até chegar ao local, passam por diversos locais onde acontecem diversas situações engraçadas e curiosas, como a participação de Adalto em um programa de rádio substituindo ninguém menos que Orlando Silva!
Em todas as situações acontecem deixas para uma música que é sempre acompanhada por instrumentos tocados e cantados por todo o elenco, formado também por Foquinha, Nina Blauth, Nô Stopa, Tata Fernandes, Simone Julian, Alexandre Faria (que é a cara do Amarante do Los Hermanos), Lelena Anhaia e Olívio Pinto.
Tudo se encaixa direitinho e a direção de Marcelo Romagnoli (que também fez o texto) funcionou muito bem, pois não deve ser muito fácil juntar atuação, música, dança e ainda agradar crianças e adultos ao mesmo tempo.
O meu destaque fica para a atuação de Edu Mantovani que interpreta muito bem o cachorro Rex. Tinha momentos que eu parecia estar vendo meu cãozinho Hulk, de tão perfeito que foi a representação do moço! Tive que conversar com ele no final da apresentação.
Enfim, recomendo que conheçam esse trabalho, pois eu costumo ser muuuito chato quando vejo espetáculos infantis (pois tem muita gente que quer só fazer o básico para garantir um dinheiro no bolso) e esse me surpreendeu.
Eles já têm a trilha sonora de outro espetáculo deles, Felizardo, que deve voltar logo em breve. A trilha é ótima!
Enfim, estou inexplicavelmente feliz!
* Ah, o espetáculo está em cartaz até 31 de agosto no SESC Paulista, sempre aos sábados e domingos, às 16h.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Harry Potter e a Ordem da Fênix


“Digam o que quiserem, estou pouco me fodendo”.
Essa primeira frase de uma música dOs Cabeloduro sempre me vem à cabeça quando percebo que gosto de algo que está fora dos padrões ou (no caso) da minha idade.
Sim, gosto de Harry Potter. Fui ignorante a respeito até ter que acompanhar meu filho e sobrinhas para assistir à estréia de Harry Potter e a Ordem da Fênix no cinema ano passado. Na ocasião minha sobrinha fez um intensivão para mim e à Joelma na fila de espera, nos explicando dados fundamentais como o significado da palavra “trouxa” para os bruxos.
Minha impressão foi boa e resolvi dar uma chance aos escritos de J. K. Rowling. Imediatamente fui fisgado pela ótima escrita, caracterização dos personagens e, principalmente, a fértil imaginação da escritora.
De uma só vez matei, na lata, os quatro primeiros livros (A pedra filosofal, A câmara secreta, O prisioneiro de Azkaban e O cálice de fogo), num recorde pessoal nunca dantes alcançado. Então, caiu na minha mão o livro mais grosso (702 páginas) e o melhor da série: A ordem da Fênix.
Não preciso chover no molhado para dizer que o livro é melhor que o filme. Mas preciso falar: o livro é infinitamente melhor que o filme! Quem se baseia nos filmes para conhecer Harry Potter não está com nada.
Nesse episódio, Rowling mostra um Harry mais “humanizado” que, ao mesmo tempo em que lida com toda rotina fantástica da magia, sofre com os vários conflitos da adolescência: como lidar com o ciúmes, a inveja, o primeiro amor, a dúvida da aceitação, a constante engolição de sapos, a rebeldia por não entender os adultos e, por fim, a vontade de mudar mundo. E é por aí que a história é norteada.
O Ministério da Magia toma o poder de Hogwarts (a escola onde Potter estuda), gerando um clima ditatorial que faz lembrar muito a época em que o Brasil passou por regime militar, principalmente pela figura da professora Umbridge, a alta inquisitora que acaba tomando a diretoria da escola, até então ocupada por Dumbledore (o grande bruxo do bem). Com esse poder, começa a deturpar a verdade de todos, ensinando só o que é de interesse do Ministério, dando a imagem de que “está tudo bem”, mesmo com a volta de Voldermort (o bruxo mais terrível).
Harry e seus amigos Hermione e Roni (o personagem mais fantástico da trama) começam a se incomodar com todo esse clima e passam a se mobilizar, criando um grupo de jovens subversivos (AR – Armada de Dumbledore) que começa a estudar por conta própria a disciplina de Defesa Contra as Artes das Trevas, mesmo com a constante perseguição da inquisitora.
O curioso é que na história aparece um jornal marginal que denuncia as mentiras do Ministério, que a tradutora Lia Wyler deu o sugestivo nome de Pasquim, nome igual ao tablóide que teve papel idêntico em épocas de chumbo grosso no Brasil. Mais curioso ainda é que a personagem Luna Lovegood se diz filha do editor do jornal. Agora fica a pergunta: quem seria o pai: Ziraldo ou Millôr?
O livro mantém o alto nível do começo ao fim (ao contrário dos anteriores que têm vários momentos de embromação), com diversas situações capazes de deixar o leitor angustiado, revoltado e doido para que a inquisitora, Draco Malfoy e sua turma morram com requintes de crueldade.
De todos os livros, até então, esse é o primeiro que não tem um final exatamente feliz, pois Harry Potter ainda luta contra as desconfianças e está muito puto por ser quem é.
Talvez seja por isso que estou empolgado para começar a ler a qualquer momento os dois derradeiros livros da série.
Sem medo de ser zoados pelos meus amigos adultos.